domingo, 5 de outubro de 2008

NEM TODO BREGA É CORNO E NEM TODO CORNO É BREGA....


O Festival da Cachaça e da Rapadura, Bregareia, da belíssima cidade de Areia, na Paraíba, não deixa dúvida alguma de que se trata de um dos maiores eventos do estado, que reúne milhares de pessoas que ao mesmo tempo em que visitam a cidade para viver o Festival também aproveitam para curtir aquele frio de lascar beiços, e aí só mesmo tomando uma lapada da maldita pra encarar a noite recheada de pessoas vestidas a caráter. Meu amigo jornalista e escritor Pereira Nascimento não perde uma só edição e já é figura conhecida dos cantores que passam por lá. Mas, além da beleza do Festival, outro fato me chamou atenção. Lendo a programação musical deste ano percebi que, não tem nada ou quase nada de brega nas atrações musicais, e parece que o mundo da música brega gira em torno de Reginaldo Rossi. Peraí! Vamos com calma tentar refletir nesse ponto: Se brega não é sinônimo de Corno, logo, nem todo corno é brega e nem todo brega é corno (Aurélio- Brega:Toureação - Ato de tourear; lide, toureio. Corno: Chulo Marido de adúltera; cabrão, aspudo, cervo, faz-de-conta, cornudo, chifrudo, galheiro, galhudo, cabrum, mumu.). Então, parece que estamos sendo levados pela força da mídia a um equívoco com grandes proporções de irresponsabilidade e ignorância. Veja o que diz a maior biblioteca livre do planeta: Wikipédia- Historicamente, os maiores cantores do gênero brega legítimo estão no nordeste brasileiro, sendo dois de seus maiores ícones na atualidade o pernambucano Reginaldo Rossi e o cearense Falcão, este último seguindo uma linha de brega humorístico. Viram? Por isto, a Reginaldo eu dou um desconto pelo seu jeito brega autêntico de ser mas, para Falcão, puro personagem, dou ZERO até por que o rapaz não tem musica brega. Para a Wikipédia, que foi enganada por alguém apenas lamento, pois falar de música brega sem citar Raimundo Soldado, Populares de Igarapé-Mirim, Frankito Lopes o Índio Apaixonado, Antonio Marazona, Sandrinha a Pepita dos Garimpeiros, Nonato do Cavaquinho, Berg Guerra, Abilio Farias, Adilson Ramos, Evaldo Braga, Alberto Kelly, Almir Rogério, Bartô Galeno, Carlos Alexandre, Carlos André, Carlos Santos, Wando, Waldick Soriano, Tony Damito, Angelo Maximo, Barros de Alencar, Elymar Santos, Fernando Mendes, Francis Lopes, Odair José, Nilton César, Maurício Reis, Mardonio, Lindomar Castilho, Jane & Herondy, Geraldo Nunes, Amado Batista e tantos e tantos... até mesmo gente da televisão passou pela música brega como as atrizes Elizângela, Elke Maravilha e Gretchen, a radialista Márcia Ferreira, a dançarina Rita Cadillac e até Roberta Close, teve seu momento brega assumido. O estilo brega é bonito quando feito por verdadeiros representantes do gênero, Sidney Magal é lindo mas ninguém quer chamá-lo de brega, e o que é, então? Waldick, esse sim, o representante maior nunca precisou falar de chifres e toda sua obra é o que podemos chamar de clássicos do brega. Rossi, no entanto, depois que canta Garçon, fica enrolando o resto do tempo com histórias de corno. Quem de nós haverá de negar que os solos de guitarra de Aldo Sena nada tem a ver com brega? Eu sei que devemos ultrapassar as fronteiras, até mesmo as do pensamento porém, respeitando os limites da música pop, do rock, do samba, do brega... para que não se façam confusões e para que não se percam referencias importantes como esta do brega. O Almanaque da Música Brega, de Antonio Carlos Cabrera, que me foi enviado por Sky Rodrigues, diz o seguinte: “ A linha entre o mau gosto e o brega é tênue, porém, bem definida. Dizer que a namorada o trocou por outro com rimas fáceis e palavras símples, num arranjo musical sem grandes elaborações, pode ser chamado de brega. Por outro lado, referir-se maliciosamente a alguem, utilizando-se de frases de duplo sentido, palavras de baixo calão ou temas esdrúxulos, é mau gosto. Quando o artista baixa o nível, ele fatalmente cria algo de mau gosto. Por outro lado, existem músicas com trocadilhos que conseguem permanecer longe do que se convencionou chamar de trash atualmente. Mas quem vai avaliar não é você!” Que o Festival da Cachaça e da Rapadura não perca seu brilho jamais, apenas seus produtores precisam mantê-lo autêntico para que seja melhor e maior a cada edição e, que possam promover palestras sobre a propria festa, os artistas sobre o gênero musical e os usineiros sobre seus produtos derivados da cana, teremos então um evento completo, digno de mídia nacional e internacional pois consolidado já está.



Nilson Sótero
(nilsonsotero2@hotmail.com)

Caricatura: Elvis